Artigo científico mostra os responsáveis pela poluição do ar em Londrina
O intenso tráfego veicular na rua Sergipe torna o ar insalubre para transeuntes, moradores e comerciantes
Todos os dias, a população de cidades está sujeita a uma elevada carga de poluentes atmosféricos, devido às atividades e processos típicos de regiões urbanas, como tráfego veicular, indústrias, queima de lixo e madeira, entre outros.
A pesquisa de autoria de Targino & Krecl estudou a concentração atmosférica de partículas de fuligem (ou “black carbon”) em vários pontos da cidade de Londrina e em diferentes períodos do ano. A fuligem é um tipo de partícula que se origina nos processos de combustão incompleta (combustíveis, biomassa, etc.), e tem efeitos negativos não só sobre a saúde dos seres humanos como também no clima, pois absorve radiação solar e aquece a atmosfera.
As concentrações mais altas de fuligem foram encontradas na Rua Sergipe -uma rua de intenso tráfego veicular (1.050 veículos por hora) e com característica de cânion urbano que dificulta a dispersão de poluentes. As concentrações de fuligem na rua Sergipe chegam a 16 µg/m3 no horário de pico da manhã e 12 µg/m3no horário de pico da tarde.
A queima de lixo doméstico próximo à UTFPR compromete a qualidade do ar no campus.
Outro ponto estudado foi o campus da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), localizado a leste da cidade, em uma rua de baixa densidade demográfica e poucos veículos (apenas 2.700 veículos por dia). Mesmo assim, as concentrações no campus no final da tarde são comparáveis às do centro, alcançando 12 µg/m3, como consequência da queima de lixo frequentemente observada nos bairros vizinhos.
O estudo indica que a adoção de políticas públicas para redução do número de veículos no centro da cidade, bem como conscientização da população para evitar queimadas urbanas, poderia levar a uma melhoria na qualidade do ar na cidade. A Organização Mundial da Saúde considera a fuligem um poluente cancerígeno, além de ser o segundo maior causador do aquecimento global, depois do dióxido de carbono. Desta forma, reduzir a emissões de fuligem tem um impacto direto e imediato na saúde da população e no clima do planeta.
O estudo foi financiado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e está publicado no periódico Aerosol and Air Quality Research
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